Sim, as mães recém-nascidas também precisam ser cuidadas, e fortalecer sua rede de apoio é bastante importante.
Não é fácil construir o lugar de mãe e pai quando o bebê chega à família, colocando novos desafios, ritmos e necessidades para a dinâmica familiar que, até então, não tinha que lidar com tantos desconhecimentos e incertezas.
As mães e os pais, diferentes dos animais, não nascem sabendo como ser mães e pais, e essa construção vai acontecendo aos poucos.
Gostaria de compartilhar com você o porquê é muito importante procurar formas de partilhar as experiências do seu puerpério, e o motivo pelo qual os grupos de escuta podem ser muito potentes para cuidar das dúvidas e angústias experimentadas nesse período.
Na realidade, o período da gestação e pós-parto implica em um momento do ciclo de vida de verdadeira vulnerabilidade para a subjetividade da mulher.
A chegada do bebê exige muito trabalho psíquico para a mãe, construindo um novo lugar subjetivo tanto para si quanto para o bebê e, ao mesmo tempo, elaborando todas as transformações em seu corpo, suas emoções e suas relações.
É um momento de sensibilidade, construção e descoberta que muitas vezes demanda maior sustentação e cuidado por parte de um outro no sentido daquilo que Winnicott denominou de holding. Quero dizer com isso que sim, as mães recém-nascidas também precisam ser cuidadas, escutadas e compreendidas.
Nesse momento de pandemia os desafios podem ser maiores e, para muitas famílias, o período de isolamento social trouxe uma sobrecarga de trabalho e preocupação, fazendo com que muitas vezes se sintam divididos entre tantas demandas…
E sabemos que o papel de cuidar de alguém quando não nos sentimos seguros é muito difícil.
Continuar com as responsabilidades dos adultos em meio ao novo, aos desafios e até mesmo em meio às adversidades.
Não é fácil tentar oferecer alguma calma e segurança para um bebê recém-nascido quando os adultos também precisam encontrar alguma calma e segurança, não é?
Realmente, a pandemia não tornou o puerpério mais fácil para a maioria das mulheres.
Sim, as mães recém-nascidas também precisam ser cuidadas, como disse antes.
E esse cuidado pode vir de muitas formas diferentes, talvez sua família, amigos, vizinhos, profissionais da saúde e pessoas nas quais você confia e se sente compreendida.
E os grupos de escuta no pós-parto podem ser um espaço muito importante também!
Se você nunca participou de um grupo de escuta profissional, talvez você esteja se perguntando: “será que serei obrigada a falar de mim?
Não sei se me sentirei a vontade, tenho medo de me sentir muito exposta!”
Ou ainda “Será que vou conseguir trabalhar minhas questões pessoais em um grupo onde outras pessoas também vão falar de si?”
Sim, muitas pessoas sentem esses receios quando pensam em um trabalho de escuta em grupo, e vou compartilhar com você o porquê esses pensamentos não correspondem à proposta de um grupo de escuta profissional.
Mas já adianto que cada participante fala apenas quando desejar, e que todo o ambiente é cuidado para que as trocas sejam feitas de forma acolhedora e respeitosa.
Os grupos oferecem um espaço no qual as mães possam repousar e se sintam acolhidas para compartilhar suas aflições, medos e angústias junto a outras mães e assim elaborar suas experiências pessoais.
Escutar, acolher e cuidar da saúde emocional das famílias é meu propósito e assumo meu compromisso ético com cada uma com técnica e cuidado.
Na minha experiência, quando as experiências de pós-parto podem ser compartilhadas em um ambiente de confiança e não julgamento, a mãe pode contar sua história com outras lentes, caminhar em seu autoconhecimento, se fortalecer e estar mais confortável para maternar seu bebê, além de ter efeitos nas relações familiares, que frequentemente são sentidas com maior leveza e prazer.
No grupo, você irá:
- Encontrar um espaço seguro de escuta e acolhimento, sem julgamento e sigiloso, em que sua experiência será escutada com atenção, cuidado e respeito;
- Encontrar uma atmosfera de intimidade e confiança que favorece as partilhas em grupo, feitas com a escuta atenta e mediadora das trocas pela terapeuta de grupo. Se sentir acompanhada nesse processo de transformação pode deixar sua experiência muito mais leve!
- Encontrar sustentação emocional para compartilhar (sempre que desejar) suas aflições, medos, angústias (e tantos outros sentimentos) vividos em seu puerpério junto a outras mães;
- Encontrar ressonâncias com a experiência das demais mães, e o quanto escutá-las pode ser curativo para suas próprias questões e dores;
- Ir contando e recontando sua história, com diversas lentes e encontrar no grupo um lugar de legitimação da maternidade que você construiu, com todas suas escolhas e sua forma única de ser;
- Encontrar mais um espaço para ampliar e fortalecer sua rede de sustentação emocional.
Por último, gostaria de dizer a você que nesse período de isolamento pode ocorrer o agravamento das experiências de sofrimento para muitas mães.
Para mim como terapeuta que atende mães e bebês, continuar a oferecer grupos de escuta no pós-parto em meio à pandemia, agora na modalidade on-line, tem um significado especial pois me faz reafirmar o propósito de cuidado e escuta com cada família.
Sinto que essa é minha forma de responder e contribuir com o cuidado a alguns dos efeitos que o período de isolamento social trouxe para muitas mães e seus bebês.
Se você sentir necessidade de apoio diante de situações muito desafiadoras, peça ajuda, compartilhe com outras pessoas e considere procurar por suporte emocional.
Existem muitos formatos de grupos de escuta, pagos e gratuitos.
Se precisar, conte comigo para encontrarmos juntas um grupo de escuta profissional que melhor se encaixe à sua necessidade nesse momento.
Você não precisa passar por isso sozinha!
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