Perder-se também é caminho, diz Clarice Lispector em seu livro “A Cidade Sitiada”.
Perder-se e reencontrar-se.
Os sentimentos de estar perdido, de desorientação e confusão tem sido muito mais comuns do que gostaríamos nesses últimos meses de pandemia do novocoronavírus e o necessário isolamento social.
Sentimentos que muitas vezes não são nada agradáveis e que dialogam com tantas dúvidas que nos rodeiam neste momento.
Recentemente, em um atendimento terapêutico em grupo, esse foi um sentimento que tocou a todas as famílias participantes.
Ter mais perguntas do que respostas muitas vezes é assustador.
É como uma viagem rumo a algo não pronto, não sabido e, portanto, desconhecido.
Às vezes, é também uma viagem inevitável, mas com descobertas preciosas a respeito de si. Perder-se é transformar-se e reencontrar-se de outro modo. Nesse processo, o que reencontrar e resgatar?
O que deixar partir, para que algo novo possa ser criado? Sonhos? Desejos?
Pois às vezes, quando nos perdemos, nos achamos.
Agradeço o encontro com cada família, que despertam diálogos internos importantes também em mim.
E me lembram que as dúvidas que carregamos também são parte do caminho que construímos.
Com carinho,
Terapeuta Ana Payés