E como fica o casal depois que o bebê chega?

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O casal que ganha um bebê se depara com muitas experiências novas e desafiadoras… Ainda que cada um deles tenha procurado se preparar, há algumas coisas que serão descobertas ao longo do caminho! Nenhum pai ou mãe pode estar totalmente preparado, pois na prática… tudo terá que ser descoberto e criado para aquele bebê, único, que acabou de chegar! 

Com a chegada do bebê em casa, há uma nova rotina, as tarefas se multiplicam e cada casal vai lidar com a nova situação à sua maneira. Será preciso negociar o compartilhamento do cuidado e dividir as tarefas de acordo com as necessidades cada casal, sem deixar de escutar quais os desejos, limites e expectativas do parceiro. Não podemos esquecer que nesse tema pesa, e muito, as cobranças sobre as mulheres, que geralmente são responsabilizadas por tudo o que ocorre o bebê… essa é uma questão social e cultural em que estamos imersos. Cada casal procura cuidar à sua maneira dos efeitos opressivos de gênero que podem afetar seu relacionamento, e para isso é preciso muita escuta, empatia e acolhimento.

Mãe e pai se deparam com novas responsabilidades e o bebê os faz perguntar muitas vezes: como cuidar de um serzinho tão pequeno e dependente?

Ao mesmo tempo, ter um bebê faz com que mãe e pai tenham a tarefa de contruir, subjetivamente, seu lugar de mãe e pai (esses lugares não vem prontos!). E isso exige muitos mergulhos às memórias de infância: de como foram, por sua vez, cuidados, protegidos, amados, embalados…

Algumas lembranças retornam de forma sensível, oferecendo uma oportunidade tão única para se conhecerem e se desenvolverem como adultos – agora pais. Outras lembranças são dolorosas e exigem muito para serem elaboradas.

Em certo sentido, a chegada do bebê convida os pais a uma crise pessoal em meio a um momento de aumento de responsabilidades e, para atravessá-la, ambos irão recorrer ao parceiro para encontrar o suporte e apoio necessários.

Mais do que nunca, o casal que ganha o bebê precisará contar com todos seus recursos de comunicação e de apoio mútuo, com a necessidade de aprenderem muitas coisas novas juntos.

Por isso, é normal que o relacionamento se afete de muitas maneiras com a chegada do bebê. Muitas vezes, será o momento em que conflitos antigos do casal irão reaparecer.

Se você leu até aqui e se identificou, não se desespere… há muito a ser feito para tornar esse momento mais leve para o casal.

Saiba que todas as relações conjugais se afetam com a chegada do bebê, e a maneira como você e seu companheiro(a) irão atribuir sentido para essas experiências, é única.

Nesse artigo, vou compartilhar com você 6 pontos que costumo escutar nos casais que atendo em meu consultório, e que acabaram de ganhar seus bebês.

1. Quando a idealização e as expectativas da maternidade e paternidade são muito difíceis de atingir

Muitas vezes a mãe, o pai ou ambos trazem consigo uma visão mais idealizada de como seria a vida em família no pós-parto, recheada de muitas expectativas.

E, quando o bebê chega, pai e mãe se deparam com um bebê real que não corresponde totalmente ao bebê imaginado… há um certo estranhamento daquele pequeno ser, tão dependente, que às vezes chora mais do que tínhamos imaginado, é mais difícil para dormir do que tínhamos nos preparado, tem mais cólica do que jamais tínhamos imainado….

Essa diferença faz com que pai e mãe tenham que reelaborar a imagem daquele bebezinho, e essa é uma das tarefas difíceis após o nascimento.

2. Sobre como o casal divide as tarefas e os cuidados cotidianos

Dar banho, cozinhar, alimentar o bebê, embalar o sono, lavar e guardar as roupinhas, levar ao pediatra, fazer o planejamento do que falta para o bebê….

Muitas vezes os cuidados com o bebê e com a casa não são conversados na hora de dividir as tarefas para o pai e para a mãe.

Na verdade, muitas vezes é a mãe quem fica bastante sobrecarregada por essas tarefas – resquícios de uma herança cultural que atribuiu às mulheres mais responsabilidade pela educação e cuidado das crianças…

Mesmo nos casais em que ambos possuam suas carreiras já consolidadas, a chegada do bebê muitas vezes vai revelando uma nova divisão de tarefas em que existe por um lado a super responsabilização das mães por essas funções e, de outro lado, a desobrigação/liberação dos pais. Essa situação muito frequentemente desperta conflitos no casal.

Além disso, muitas vezes o casal não consegue se comunicar bem sobre o tema do compartilhamento das tarefas e cuidados, e com isso se torna mais difícil chegar a uma divisão que faça mais sentido para aquele casal, com suas especificidades.

Muitas vezes as mães se queixam de que gostariam que o parceiro participasse dos cuidados sem que elas tivessem que pedir ou conversar francamente sobre a questão.  

É verdade que não há uma receita nesse tema, mas saiba que é possível, com diálogo, empatia e muito compromisso do casal em cuidar da relação após a chegada do bebê, contruir um compartilhamento de cuidados que seja mais confortável para ambos, reconhecendo que a parentalidade é um projeto dos dois e isso traz as responsabilidades correspondentes.

Além disso, é extremanente valiosa para o pai a oportunidade de poder cuidar de seu rebento, criar vínculo, confiança e maior intimidade com seu bebê!

3. Sobre como o casal vai construindo seu próprio modelo de educação (com limites e regras), a partir dos modelos que herdaram de suas famílias de origem

Cada um no casal tem uma história em sua família de origem e traz modelos sobre o que significa ser um bom pai ou mãe e como deve ser feito o trabalho de educar e dar limites para seus filhos.

Tanto pai quanto mãe terá a chance de ir reescrevendo algumas formas de agir com seus filhos, resgatando partes dos modelos recebidos e modificando outras partes.

No entanto, certamente algumas diferenças vão surgir no casal, pois os modelos recebidos são sempre distintos, com ideias diferentes sobre quando ser rígido ou flexível, o que significa disciplina e o que é negociável e inegociável na educação de uma criança, por exemplo.

Haverá muito trabalho a ser feito no casal para se comunicar e negociar essas questões de forma a construir um novo modelo que faça sentido tanto para o pai como para a mãe, que será um pouco diferente dos modelos que cada um herdou de seus próprios pais.

O melhor, nesse caminho, é que o casal cuide muito bem de sua comunicação e que tenha sempre um momento longe da criança para se escutar, ajustar expectativas, procurar pelos consensos e bancar juntos as decisões.

4. Maneiras diferentes de cuidar e demonstrar afeto com a criança

Essa é uma questão que muitas vezes traz conflitos para o casal, e que se relaciona com o item 3, acima.

Conforme cada um no casal vai conhecendo sobre a maneira que o parceiro cuida da criança e como demonstra afeto, é natural que exista estranhamento em muitos momentos.

Afinal, cada um aprendeu, na sua própria história, o que significa cuidar, amar e proteger uma criança.

Há muitas maneiras possíveis de amar e cuidar de uma criança, e o que pode parecer um descuido para um, pode significar apenas um ponto de vista diferente para o outro.

É muito importante que o casal possa conversar e escutar sobre essas diferenças na forma de lidar com seu filho, para que essa diferença não cresça e se transforme em um problema para o casal. Isso porque muitas vezes, o que era um estranhamento sobre a forma como o outro cuida, passa a se tornar cada vez mais uma falta de segurança na forma do outro agir, acreditando que o parceiro não realiza tão bem determinado cuidado. E essa falta de segurança pode ser sentida pelo parceiro como uma desqualificação da sua maneira de fazer.

Saiba que com muito diálogo, empatia e sensibilidade, é possível o casal se fortalecer após a chegada do bebê, mesmo que tenham diferenças grandes de perspectivas em jogo.

5. Intimidade e sexo após a chegada do bebê

Com a chegada do bebê diminui o tempo para que o casal possa cuidar dos momentos de intimidade. E quero dizer intimidade e não apenas sexo: pois sexualidade é muito maior do que o sexo. Há muitos motivos que contribuem para a diminuição da libido da mulher no pós-parto, veja artigo sobre sexualidade no pós-parto.

Com o cansaço, tarefas multiplicadas, grande demanda emocional em jogo e com menos tempo para o casal cuidar de seu relacionamento, muitos casais se sentem muito frustrados.

Será que algo se acabou ou se rompeu? Será que terá volta ou perdemos nosso relacionamento para sempre?

Saiba que essas são perguntas mais comuns do que você imagina…

É preciso tempo, cuidado e cumplicidade. Para a intimidade ser prazerosa e instigante no casal é preciso muita paciência, escutar o parceiro, explicar o próprio ponto de vista e ter o compromisso dos dois para cuidar da relação.

6. Como o casal lida com as interferências da família mais extensa

Quando o bebê chega para o casal, toda a família mais extensa vai se afetar e se envolver, de diferentes maneiras.

Mães viram avós, irmãs viram tias, pais viram avôs, e assim por diante.

Desde esses novos lugares, a maioria dos familiares vai demonstrar vontade em ajudar, participar e se envolver com o bebê – e nesse momento os palpites e sugestões podem afetar o casal que está adaptando sua rotina e inaugurando seu lugar de pai e mãe, que ainda é novo.

A forma como cada casal lida com a participação da família mais extensa varia muito: para alguns casais é importante cuidar quando as interferências começam a afetar de maneira ruim esses primeiros meses com o bebê, para que se sintam confortáveis em tomar as decisões como pais e mães que são, mesmo quando pensam diferente do restante da família.

Nesse campo não há receitas e cada casal vai encontrando uma forma de ir cuidando dessas relações e lugares familiares que são novos, de forma a se fortalecer em sua família ao mesmo tempo em que fazem o exercício de ir se diferenciando dela, ao tomar decisões e posicionamentos diferentes.

Receber suporte da família extensa pode ser muito importante, assim como se sentir valorizados e legitimados como pai e mãe que acabaram de ganhar um bebê, que estão aprendendo e tomando suas próprias decisões.

E lembre-se:

Mais do que nunca, após a chegada do bebê o casal precisa de muito diálogo, escutar um ao outro e encontrar formas cada vez mais efetivas de falar sobre suas próprias necessidades. Não há receitas, porém sem uma comunicação de qualidade, certamente será mais difícil.

Porém, se pra você o cansaço, sofrimento e angústias se tornarem muito grandes e começarem a afetar seu relacionamento; se você se vê sem saídas sobre como melhorar sua relação, considere procurar por uma terapia de casal para cuidar do seu relacionamento. Você irá se fortalecer para encontrar as melhores soluções para você e seu companheiro.

Conte comigo,

Psicanalista e Terapeuta de Casal Ana Payés

PERGUNTAS FREQUENTES

Como funciona a primeira sessão da terapia de casal (online e presencial)?

A primeira sessão é importante para nos conhecermos, eu irei me apresentar e explicar um pouco mais sobre o formato de trabalho e o casal poderá tirar suas dúvidas. Será também um momento importante para o casal contar um pouco sobre sua história e as expectativas que possuem sobre a terapia. Tudo o que decidirem compartilhar na sessão é importante e será escutado com acolhimento, com sigilo e sem julgamentos. Eu irei procurar devolver o que foi compartilhado a partir do que apreendi, e irei oferecer outros modos de escutar a questão trazida que ajudem a aprofundar a comunicação no par. É muito importante que o casal se sinta confortável e confiante com a terapeuta, por isso, após essa primeira sessão, o casal poderá decidir com maior clareza se deseja começar a terapia ou não.

    E se meu parceiro(a) não quiser fazer a terapia de casal?

    Essa é uma decisão do casal, é importante que cheguem em um consenso e que ambos estejam confortáveis com a ideia de iniciar a terapia de casal. Não é possível iniciar a terapia de casal se não for de livre vontade dos dois. Nesse caso, se um membro do casal desejar realizar a terapia e o outro não, é importante respeitar a decisão do parceiro(a). Em alguns casos, pode ser interessante iniciar com a terapia individual e não com a terapia de casal, para tratar das questões que fizeram procurar por ajuda. Em um segundo momento, é possível reavaliar a possibilidade de fazer a terapia de casal, que seria nesse caso realizada conjuntamente com a terapia individual (com um segundo profissional).

    Atendimento online funciona?

    Sim, funciona muito bem. A terapia de casal se concentra nos aspectos da comunicação do par, e a partir da narrativa de cada um vamos trabalhando para que possam se escutar cada vez melhor, e se expressar cada vez com maior precisão, favorecendo uma comunicação mais fértil, amorosa e íntima. Portanto, como a terapia de casal se centra na palavra, o atendimento online apresenta a mesma efetividade que o atendimento presencial, sendo, nesse sentido, uma questão de escolha pessoal do paciente.

    Quanto tempo tem a sessão de terapia de casal (online e presencial)?

    A sessão tem duração de 1:20, que corresponde a um tempo suficiente para o casal se expressar, escutar o parceiro e trabalharmos aspectos da comunicação. A frequência de atendimento é semanal.

    A terapia é confidencial?

    Sim, o paciente será sempre escutado com sigilo e sem julgamentos.

    Precisa estar casado no cartório para fazer terapia de casal?

    A terapia de casal é uma forma de cuidar do vínculo entre duas pessoas envolvidas em uma relação íntima. Todo casal que busca ajuda para melhorar a comunicação e o relacionamento podem fazer a terapia de casal. O casal pode ser casado ou namorados, morar na mesma casa ou não.

    O casal precisa estar fazendo terapia individual para iniciar a terapia de casal?

    Não é estritamente necessário. Porém eu indico que o casal possa contar com a terapia individual ao mesmo tempo em que realiza a terapia de casal pois os dois trabalhos potencializam o efeito de cuidado e transformação da relação, facilitando muito o processo como um todo.

    No caso do atendimento on-line, o casal pode fazer a sessão estando em locais diferentes?

    Sim, se essa for a preferência do casal, é possível acessar o atendimento on-line a partir de dois dispositivos diferentes.

    O casal que está se separando e quer ajuda para que seja feito de forma amistosa e atenuar os efeitos sobre os filhos pode fazer terapia de casal?

    Sim, a terapia de casal pode ajudar no caso de separações pois vai fortalecer a comunicação respeitosa entre os membros da família e servirá como espaço para construção de estratégias para melhor lidar com as mudanças em cena.

    Me interessei, como faço para agendar?

    Basta enviar uma mensagem e vamos procurar o melhor horário para fazermos a primeira sessão, dentre os horários disponíveis. Você poderá escolher entre a modalidade online ou presencial (Campinas), nos dois casos a sessão de casal tem duração de 1:20 minutos.


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